
O que acontece quando se pulveriza ocitocina no venta de um grande carnívoro territorial? Um grupo de investigadores têm vindo a testar os efeitos da “hormona do paixão” nos leões para responder a essa questão.
A ocitocina é uma hormona encontrada na maioria dos animais. Nos seres humanos desempenha um papel fundamental no parto, e tem sido referida informalmente porquê a “hormona do paixão” porque influencia a relação social, particularmente entre mãe e rebento(a).
De contrato com o New Atlas, um grupo de investigadores, que trabalham numa suplente de vida selvagem sul-africana, têm vindo a testar os efeitos da hormona do paixão nos leões para responder a essa questão. A equipa relatou as suas descobertas num estudo publicado na iScience, em Março deste ano.
Os leões são animais altamente sociais. Podem ser profundamente leais e protetores com os membros da sua família, mas também podem ser incrivelmente territoriais e agressivos para com outros grupos de leões.
“A nossa pesquisa anterior sobre leões selvagens no Serengeti mostrou que o múltiplo sistema social dos leões deriva de um potente sentido de ‘nós contra eles’“, explicou o comparte do estudo Craig Packer à Newsweek.
“As suas relações sociais incrivelmente estreitas são em grande troço impulsionadas pelos perigos colocados pelos grupos vizinhos — o grupo maior ganha e os companheiros de grupo trabalham em conjunto para repelir estranhos dos seus territórios”.
Deste modo, o objetivo da novidade investigação era explorar se a ocitocina pode ser utilizada para influenciar os comportamentos sociais dos animais, e talvez, em última estudo, integrar melhor os leões num grupo pré-existente.
Para o fazer, os investigadores precisavam primeiro de encontrar uma forma de encaminhar a ocitocina em segurança.
De contrato com Jessica Burkhart, autora principal do estudo, o truque era encher um pequeno frasco pulverizador com a hormona do paixão e atrair os animais com mesocarpo crua. E enquanto os leões estavam distraídos, a ocitocina era pulverizada pelo nariz para que a hormona pudesse rapidamente ter efeito no cérebro dos animais.
“Ao pulverizar a ocitocina diretamente pelo nariz, sabemos que ela pode subir pelo nervura trigémeo e pelo nervura olfativo diretamente para o cérebro”, explica Burkhart. “Caso contrário, a barreira hematoencefálica poderia filtrá-la para fora”.
O teste que os investigadores utilizaram para medir o efeito da ocitocina foi a introdução de um objetivo de jogo e o rastreio do quão perto um leão brincava com esse objeto, permitia que outros leões o fizessem.
Geralmente os animais mantêm-se muito afastados dos outros quando brincam com objetos mas sob a influência da ocitocina os leões reduzem significativamente a sua proximidade dos outros.
“Em seguida os leões terem sido tratados com ocitocina, e termos-lhes oferecido o seu brinquedo de jerimum predilecto para brincarem, vimos a pausa média entre eles desabar de tapume de 7 metros sem tratamento para tapume de 3,5 metros depois a gestão de ocitocina”, explicou Burkhart.
Outra experiência testou as respostas de rugido dos animais quando sob a influência da ocitocina. Os testes de resposta ao rugido são geralmente considerados uma boa indicação de vigilância territorial, permitindo aos potenciais intrusos saberem que devem recuar.
Em confrontação com os testes de controlo, os investigadores descobriram que a ocitocina reduziu significativamente as respostas ao rugido dos animais. “Os leões tratados com ocitocina rapidamente se transformaram em animais calmos e revigorados”, explica Burkhart.
“Pode-se ver as suas características suavizarem-se imediatamente, passam de enrugados e agressivos a um comportamento totalmente despreocupado“, acrescenta a investigadora. “Eles arrefecem totalmente. É espantoso”.
Curiosamente, os investigadores descobriram que a ocitocina teve pouco efeito nos comportamentos possessivos durante uma experiência de resposta cevar.
Quando um pequeno iguaria foi introduzido no grupo, os animais demonstraram comportamentos agressivos competitivos, independentemente da ocitocina. Isto sugere que há certos limites para os comportamentos sociais gerados pela hormona.
Para além de ser uma experiência académica, os investigadores notam que existem implicações no mundo real para estas descobertas.
Em África, os leões precisam frequentemente de deslocalização quando a expansão urbana invade o seu território. Mas a relocalização destes animais pode ocasionar conflitos territoriais com outros grupos.
Será necessária mais investigação para explorar a ocitocina nos leões, mas a esperança é que a hormona possa ser utilizada para ajudar a formar laços sociais quando novos animais são introduzidos em áreas com grupos pré-existentes.
Burkhart adianta ainda que a sua equipa está a investigar o efeito da ocitocina nos leões resgatados do cativeiro à medida que são reintroduzidos em grupos sociais maiores.
“Atualmente estamos a trabalhar na introdução de animais que foram resgatados de circos ou de zonas ultramarinas ou de guerra que agora vivem em santuários”, disse Burkhart.
“A esperança é que isto se traduza na relocalização de animais na natureza, ajudando-os a tornarem-se mais inclinados para o seu novo envolvente social, de modo a ficarem mais curiosos e menos receosos, levando a uma relação mais muito sucedida”.
Inês Costa Macedo, ZAP //