Comboio com 150 indígenas vai a Brasília e tenta barrar

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Uma delegação com 150 indígenas de oito povos da Bahia está na capital do país desde o início da semana. Com uma agenda de manifestações e reuniões, o objetivo principal é pressionar parlamentares pela não votação do que chamam de “projetos de morte”; em privativo, o Projeto de Lei (PL) 490/2007, que dificulta a demarcação de terras, e o PL 191/2020, que libera a mineração e outros empreendimentos em territórios indígenas.  

Levante último, batizado de PL da mineração, tornou-se prioridade do governo Bolsonaro. Não à toa, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP), requereu, nesta quarta-feira (9), que o projeto seja votado em caráter de urgência.  

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Reunião com parlamentares  

Nesta terça (8), indígenas se reuniram com os deputados Joênia Wapichana (Rede) e Rodrigo Agostinho (PSB). No mesmo dia, e em sentido oposto ao solicitado por Barros, oito parlamentares apresentaram um requerimento pedindo a suspensão da votação do PL da mineração.  


Depois de protesto no Incluído II da Câmara Federalista, representantes indígenas foram recebidos por parlamentares / Marina Oliveira / CIMI

“Nos reunimos também com representantes do PT, PSB, PDT, Psol, PCdoB e do Solidariedade. Relatamos nossa preocupação e traçamos estratégias. Ficou estabelecido que tentariam prorrogar a votação”, relata Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador do Movimento Uno dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba). 

 “Apesar de termos parceiros com disposição de estribar essa luta, a gente precisa que pessoas de outros partidos também a compreendam. A gente tem visto que o repto é gigante”, avalia Kâhu Pataxó, da Terreno Indígena Grinalda Vermelha (TI) e também integrante da delegação.  

A agenda inclui, de congraçamento com os entrevistados, encontros com representantes dos ministérios da Justiça e da Saúde. 

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“É pela nossa existência” 

Composta por povos Tupinambá de Olivença, Pataxó, Tupinambá, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Kamakã, Kiriri do setentrião e do oeste da Bahia, Atikum, Tumbalalá e Truká, a frota pretende permanecer em Brasília ao menos até a próxima segunda-feira (14).  

“A valor de barrar esses projetos é a de prometer nossas existências enquanto povos”, resume Kâhu.  

Diante da insistência do presidente Jair Bolsonaro (PL), expressa em falas públicas e redes sociais, de que é preciso açodar a mineração de potássio, Agnaldo considera que “o governo não vai desistir dessa teoria”.

“Mas nós”, afirma a liderança Pataxó Hã Hã Hãe, “também não vamos parar de resistir”.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Manadeira: Brasil de Indumento

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