Confederação Lula-Alckmin gera divergências entre movimentos e

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A formação da placa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porquê candidato à Presidência nas eleições deste ano, e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (sem partido), porquê a candidato a vice do petista, já conta com o esteio significativo de movimentos, partidos e lideranças da esquerda. Mas, apesar de significativo, o suporte está longe de ser unânime.  

Entre aqueles que fazem votos à unidade, está o coordenador pátrio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), Alexandre Conceição.

“A nossa resposta é que o presidente Lula fique à vontade para escolher o seu vice” desde que sejam respeitadas as bases de um “programa econômico e político voltado a atender as necessidades do povo para restaurar a renda e retomar a reforma agrária e a produção de manjar saudável no país. Uma confederação mais ampla verosímil para derrotar o fascismo do Bolsonaro será bem-vinda”, afirma ele. 

O dirigente ressalta que, “independente de Alckmin, é necessário ampliar as forças para derrubar Bolsonaro. Nós fizemos mais de 130 pedidos de impeachment e não derrubamos. Fizemos diversas mobilizações e não derrubamos. Se para derrubar for necessário ampliar a base para troço da escol e do setor empresarial, nós ampliaremos”, diz Conceição. 

Compartilha do mesmo posicionamento a presidente pátrio do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos. Ela afirma que o contexto político atual de desenvolvimento da extrema-direita no país, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), demanda a construção de alianças mais abrangentes. 

“Muitas vezes [as alianças] são necessárias para poder fazer frente a uma disputa que será bastante acirrada.” A situação “acaba unindo aqueles que historicamente atuaram em campo opostos e têm divergência em questões de agenda econômica, mas que se unem em torno de um objetivo em universal que é barrar a escalada autoritária”, afirma Santos. 

A presidente do PCdoB reconhece a resistência de alguns setores da esquerda em consentir com a confederação, uma vez que PT e PSDB – partido do qual Alckmin fez troço por mais de 30 anos – sempre ocuparam espaços antagônicos no cenário político desde a redemocratização no Brasil. 

“O Alckmin estava no PSDB, e é oriundo que as pessoas se inquietem. Mas eu creio que o contexto mudou. Nós estamos numa reciprocidade de forças mais complexa, porque estamos confrontando uma candidatura da extrema-direita”, afirma Santos. 

Nem todos apoiam… 

Pablo Bandeira, da Coordenação Pátrio do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Por Direitos (MTD), no entanto, não vê “pontos positivos na confederação com o ex-governador de São Paulo”. Para ele, o ex-presidente Lula “deveria estar mais preocupado em conceber as alianças nos estados para a formação de uma base parlamentar sólida e que dê sustentação ao governo e o retorno das políticas sociais em caso de vitória”.  

Em suas palavras, “o histórico de Alckmin não favorece a constituição com a esquerda. Os governos tucanos, desde FHC, tiveram uma marca de privatizações, repressão aos movimentos populares e às manifestações de rua. Pensando no programa de governo, essa constituição poderá valer grandes concessões ao neoliberalismo”. 

Na mesma risco, o presidente pátrio do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – que surgiu em 2004 porquê dissidência do PT –, Juliano Medeiros, afirmou ao Estado de Minas que “o PSOL não está disposto a dar cheque em branco a qualquer partido ou candidato”. 

“Nós vemos porquê um problema o nome de Geraldo Alckmin porquê vice. Ele defendeu nos últimos anos todas as políticas que afundaram o Brasil. Defendeu a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, o teto de gastos, para não falar que foi em prol do impeachment contra Dilma Rousseff, um processo político e sem provas”, disse Medeiros em entrevista ao programa Moca com Política

Lula não pode “cometer o erro de ter porquê vice um novo [Michel] Temer. O Alckmin está muito mais para Temer do que para [José] Alencar [ex-vice-presidente de Lula nas duas gestões do petista]”, completou. 

O ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), entretanto, já garantiu que é “impossível” uma traição de Alckmin a Lula. França é o principal avalista da confederação e da filiação de Alckmin ao PSB. 

Resistência é “normal” 

Para o pesquisador político e responsável dos livros A cabeça do votante e O voto do brasiliano, Alberto Carlos Almeida, a resistência é “normal”. “O PT nunca saiu da onde esteve, na esquerda. No momento em que vem Bolsonaro e se coloca mais à direita do que Alckmin, o tucano acaba indo para o pescoço da esquerda. Esse tipo de resistência é altamente compreensível”, afirma. 

“O país se radicalizou, tanto na política quanto na sociedade e, quando se polariza demais, fica muito difícil chegar a um consenso. O que Lula e Alckmin estão fazendo é sinalizar para os seus seguidores que é verosímil despolarizar, enfatizando os pontos em universal e deixando de lado os pontos divergentes, pelo menos temporariamente.” 

Almeida ainda destaca a valimento de Alckmin para Lula conseguir fidelizar os votos de eleitores mais à centro-direita. “O fruto eleitoral é que a confederação consolida o eleitorado, mais do que ampliar. Tem um votante que já declara voto em Lula e que quando vê o Alckmin, se decide pelo Lula mesmo. O Alckmin ajuda a fortalecer um voto que já está em Lula.” 

Na estudo de Carolina Botelho, pesquisadora do Doxa – Laboratório de Estudos Eleitorais, de Informação Política e Opinião Pública, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), ser contra a confederação Lula-Alckmin é um “erro estratégico e histórico”. 

“Uma posição errada, porque na situação atual isso deveria estar em segundo projecto. A constituição da placa visa algumas outras questões. Uma delas é tutorar o sistema democrático. É uma maneira de unir os grupos em prol de uma urgência de mudança, de penetrar o diálogo e tutorar o sistema político e a democracia”, afirma Botelho. A pesquisador política acredita que com uma inclinação vinda do Lula, os setores contrários tenderão a estribar a confederação. 

Posicionamento dos partidos PSB e PT 

Gleisi Hoffmann, presidente pátrio do PT, afirmou recentemente que a decisão pela confederação será firmada em um encontro do partido e que “vai ter gente contra e gente em prol”. 

A presidente já garantiu, entretanto, que a confederação não implicará em mudanças nos posicionamentos e nas agendas do partido. “O PT tem um posicionamento político evidente sobre o que quer para o Brasil e está no seu programa. As alianças político-eleitorais são para enfrentar a ensejo. Logo, não tem uma questão de posicionamento político mudado, as posições do PT vão continuar as mesmas. Isso não significa um abrandecimento. Nosso prece é o mesmo que o Lula está fazendo e nossa centralidade é o povo brasiliano. Significa que a gente quer uma amplitude para a resguardo da democracia”, afirmou ao Correio Braziliense.  

O presidente pátrio do PSB, Carlos Siqueira, é um entusiasta da confederação e da filiação. Em entrevista à BandNews, em 10 de fevereiro, Siqueira chamou a placa Lula-Alckmin de “teoria lustroso”. “Eu acho que a teoria de Alckmin porquê vice-presidente, que foi teoria do ex-governador Márcio França, foi lustroso”, disse.  

Mais recentemente, Siqueira reforçou que Alckmin só não irá para o PSB “se quiser”. Também disse que o ex-tucano só não será vice de Lula “se quiser”. Desde que deixou o PSDB, em dezembro do ano pretérito, Alckmin está sem partido. A filiação ao PSB depende um tanto das alianças aos governos estaduais. Outras siglas também fizeram seus convites de filiação, porquê o Solidariedade, PV e PSD, que também mostraram esteio ao PT na eleição presidencial.  

No PSB, o que ainda emperra a filiação de Alckmin é o desencontro entre ambos os partidos na escolha do candidato ao governo paulista, posição desejada tanto por Márcio França porquê pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT). 

França afirmou ao blog da Andréia Sadi nesta segunda-feira (21), entretanto, que a escolha sobre a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes está nas mãos de Lula. “Quem vai deliberar se serei eu ou Fernando Haddad vai ser o Lula. Ele é pragmático, sabe o que é melhor e é quem vai dar a termo final”, disse. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Natividade: Brasil de Trajo

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