É provável reanimar as retinas humanas depois a morte

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tookapic / Pixabay

Há muito que se assume que, quando o ser humano morre, os seus neurónios morrem consigo. Todavia, um novo estudo, sobre o tecido do olho, começa a questionar essa teoria.

Um novo estudo, recentemente publicado na revista Nature, oferece uma novidade perspetiva sobre as doenças dos olhos relacionadas com a degeneração macular da retina — principal culpa de perda de visão e fanatismo.

No decurso do estudo, Frans Vinberg, pesquisador de visão da Universidade de Utah, Anne Hanneken, cirurgiã de retina da Scrips Research, e colegas, restauraram a atividade elétrica nas retinas humanas de doadores de órgãos recentemente falecidos por morte cerebral ou cardíaca.

A metodologia usada permitiu restabelecer o tecido neural sensível à luz que se situa na segmento detrás dos olhos e comunica com o cérebro.

Segundo a Scientific American, numa período inicial, os investigadores testaram durante quanto tempo as retinas de rato continuavam a enviar sinais elétricos, depois estes terem sido eutanasiados.

A equipa de investigadores conseguiu restaurar a atividade até três horas depois a morte, e descobriu que a falta de oxigénio era a principal culpa da perda irreversível da função.

De seguida, os investigadores estudaram os olhos humanos – transportados para o laboratório num recipiente que fornecia oxigénio e nutrientes -, expondo o tecido da retina a luz fraca e fazendo a mensuração dos sinais elétricos gerados pelo tecido.

Com levante estudo, os cientistas foram capazes de restabelecer a atividade elétrica em células sensíveis à luz, denominadas de “fotorrecetores” e, ainda, nos neurónios a que estas células se ligam nos olhos do doador.

Os resultados mostraram que não só é provável restaurar as células individuais, mas também a informação entre elas.

Os resultados obtidos sugerem, ainda, que é provável restabelecer outros tipos de tecido neural.

Segundo Anne Hanneken, “a retina é uma janela para o cérebro, por isso se se conseguir restaurar a informação na retina, depois a morte, será de considerar que tipo de informação se poderá restabelecer do cérebro”.

Joan Miller, professora de oftalmologia na Havard Medical School, que não esteve envolvida no estudo, afirma que “o que é mais excitante é que isto poderia realmente tornar-se um protótipo para estudar fisiologia visual em retinas humanas, na saúde, no envelhecimento e na doença”.

O estudo abre também a hipótese de se poderem vir a fazer transplantes de retina, embora os investigadores assumam que esta possa ainda ser uma verdade muito distante.

De referir que o estudo foi iniciado depois a equipa de cientistas ter tido conhecimento de que, em 2019, investigadores da Universidade de Yale tinham comprovado que a atividade elétrica poderia ser restaurada no cérebro de um porco depois a sua morte.

O ZAP falou na profundeza com o investigador português André Sousa, que participou na pesquisa, sobre os “avanços significativos” verificados.

  Teresa Campos, ZAP //

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