Em marcha plural, grupos de mulheres cobram

O Dia Internacional da Mulher foi lembrado em Brasília (DF), nesta terça-feira (8), por meio de uma marcha popular que tomou troço da Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso Vernáculo.
Diferentes pautas estamparam faixas e cartazes de manifestantes que bradaram por saudação, relevo e políticas de atenção às necessidades dessa fatia populacional, que representa mais de 52% do transitório do país, segundo o Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE).
O papel do Poder Legislativo foi lembrado, por exemplo, pela conselheira tutelar Thelma Mello, que atua no Projecto Piloto da capital federalista. Ela cobrou a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei (PL) 4968/19, que prevê distribuição gratuita de absorventes para mulheres pobres, detentas e estudantes de baixa renda de escolas da rede pública.
“De cada cinco jovens, uma falta as aulas todos os meses por não ter absorventes, e é um sem razão a gente ter um país deste tamanho com condições de subsidiar esse que é um item sumoso e o governo Bolsonaro, esse genocida, vetar o projeto”, critica.
O PL foi ratificado pelo Congresso em setembro de 2021 e vetado pelo ex-capitão em outubro. A tesoura do presidente já entrou em taxa no Legislativo outras vezes, mas a avaliação do veto acabou sendo adiada. Agora, por pressão das bancadas femininas e posteriormente intenso coro popular, o veto deverá ser estimado nesta quinta (10).
“Agora os parlamentares têm obrigação de fazer isso, mais do que nunca. E é fundamental que a sociedade se mobilize e continue pressionando pela derrubada do veto”, reforça Thelma Mello.
:: Março das Mulheres: acompanhe a cobertura do Brasil de Traje ::
Manifestantes protestaram também contra o deputado Arthur do Val, o “Mamãe falei”, que recentemente desrespeitou as mulheres ucranianas com declarações de cunho sexual e ofensivo / Vanessa Tutti
Mulheres com deficiência
A ativista Anna Paula Feminella levou diferentes pautas para a Esplanada dos Ministérios, incluindo as políticas públicas voltadas a mulheres com deficiência. Ela coordena o Setorial de Pessoas com Deficiência do PT do Província Federalista e sublinha que, ao longo da gestão Bolsonaro, diferentes medidas e programas de caráter social têm sofrido asfixia orçamentária e política.
“Nós, mulheres com deficiência, sofremos muito neste período. Tivemos vários ataques a direitos nossos, o ataque à instrução inclusive, por exemplo. Eles tentaram derrotar várias vezes a Lei de Cotas também, que garante um percentual de vagas de ofício pra pessoas com deficiência”, exemplifica.
Leia também: No campo e na cidade, mulheres se unem contra o machismo e a lazeira; veja porquê foi o 8 de março
Ativista Anna Paula Feminella e parceiras pediram políticas públicas mais consistentes para atender mulheres com deficiência / Cristiane Sampaio
Presença masculina
A marcha também contou com a participação de alguns homens que decidiram se somar ao coro das mulheres da capital federalista. É o caso do jurisconsulto Renan Rodrigues, que empunhou um edital pedindo maior representatividade feminina na política institucional. Ele destaca o papel dos homens no reconhecimento do problema e no combate à desigualdade.
Isso a gente vê na política, é uma violência simbólica, estrutural e eu faço troço disso. Acho que deve partir também dos homens isso de lutar pelos direitos das mulheres”. Não que isso faça de mim um varão feminista, mas sou uma pessoa que está empenhada e que gostaria de convencer outros homens de que o machismo também machuca a gente”.
:: Avenida Paulista é fechada por mulheres neste 8 de março: “Pela vida e contra Bolsonaro” ::
Representantes da renque masculina também se somaram à macha por paridade de direitos para as mulheres; “O machismo também machuca a gente”, diz Renan Rodrigues / Cristiane Sampaio
Participação de religiosos
A marcha reuniu ainda militantes que ocupam espaços de luta política dentro de igrejas e outras instituições religiosas. A servidora pública Elizabeth Hernandes, integrante do movimento Espíritas à Esquerda, foi uma delas. “Não é provável ser cristão sem exigir paridade para as mulheres e direitos sociais para todos”, afirma a manifestante.
“É preciso finalizar com o rótulo de que pessoas religiosas não são progressistas”, defende a militante espírita Elizabeth Hernandes, que é servidora pública / Cristiane Sampaio
Edição: Rodrigo Durão Coelho