Hoje é o Dia das Mentiras. Porquê e quando é que esta tradição nasceu?

(CC0/PD) jackmac34 / pixabay
A origem do Dia das Mentiras não é conhecida ao simples, mas desde festivais romanos a mudanças de calendário em França, já vários fenómenos foram associados a esta celebração no dia 1 de Abril.
Todos os anos é a mesma coisa — chega o dia 1 de Abril e já estamos todos a antecipar partidas de familiares ou amigos e até de celebridades ou empresas. Mas enfim, uma vez que nasceu nascente dia? Muito, ninguém sabe ao simples.
As referências históricas mais antigas a uma dia semelhante ao Dia das Mentiras surgem num poema flamengo datado de 1561 em que um transcendente envia o seu servo para fazer “recados tolos” a 1 de Abril.
No entanto, a celebração do festival “Hilaria” na Roma Antiga — em que as pessoas se juntavam para comemorar a ressurreição do deus Attis e vestiam disfarces — também já foi creditada uma vez que a origem deste dia, escreve o NPR.
A Igreja Católica também ajudou a popularizar o Dia das Mentiras, com a “Sarau dos Tolos” que era celebrada em França e Inglaterra a 1 de Janeiro na era medieval e incluía a eleição falsa de um pontífice ou Papa e paródias dos costumes católicos.
A sarau foi banida no século XV, no entanto, o feriado continuou a ser festejado durante centenas de anos, nota o USA Today.
Já no século XVI, em França, as pessoas que demoraram a escolher a mudança do calendário juliano para o gregoriano também foram alvos de travessuras. No calendário juliano, o ano começa com o equinócio da Primavera, no término de Março, pelo que as celebrações do ano novo se estendiam até 1 de Abril.
A notícia da mudança para o calendário gregoriano viajou vagarosamente, e aqueles que se atrasaram na transição e ainda faziam a sarau em Abril ficaram conhecidos uma vez que “tolos de Abril”, sendo meta de partidas. As traquinices incluíam colocar um peixe de papel nas costas destes “tolos”, que eram chamados de “poisson d’avril,” ou “peixes de Abril”.
Já no mundo anglosaxónico, uma das primeiras aparentes referências ao Dia das Mentiras em inglês aparece no livro de John Aubrey “Remaines of Gentilisme and Judaisme”, publicado em 1686, onde diz simplesmente: “Observamos isto no primeiro de Abril. Por isso mantém-se na Alemanha em todo o lado”.
Especula-se também que o dia já era uma celebração generalizada em 1760, devido a uma referência na calendário satírico Poor Robin’s. “O primeiro de Abril, alguns dizem, distingue-se por ser o dia dos tolos. Mas por que é que as pessoas o chamam assim, nem eu nem elas sabem”. No século XIX, o Dia das Mentiras já estava consolidado na cultura norte-americana.
Quando as marcas e media pregam partidas
Muitas marcas já se aperceberam que podem aproveitar nascente dia para pregar partidas e atrair assim alguma atenção mediática, apesar da receção não ser sempre positiva.
Três dias antes do dia 1 de Abril de 2021, a Volkswagen anunciou que ia mudar o seu nome nos Estados Unidos para Voltswagen, uma vez que forma de mostrar o seu compromisso com a transição para os carros elétricos.
A empresa negou a vários meios de informação que o pregão se tratava de uma piada antes destes avançarem com as notícias, tendo sido meta de críticas depois de revelar que a mudança não ia realmente intercorrer.
Outra partida que não foi muito recebida foi o pregão da Google de que o Gmail ia passar a incluir a definição Mic Drop, representada por um GIF de um minion a deixar tombar um microfone. A particularidade acabou por ser erradamente anexada a vários emails e teve de ser desligada.
“Devido a um erro, a particularidade Mic Drop causou inadvertidamente mais dores de cabeça do que gargalhadas. Pedimos imensa desculpa”, afirmou a empresa num transmitido.
Para além das marcas, os meios de informação também já estiveram por detrás de algumas partidas famosas. A Abril de 1905, um jornal boche escreveu uma notícia onde afirmou que um grupo de ladrões tinha escavado um túnel debaixo da Tesouraria dos Estados Unidos e roubado 268 milhões de dólares em ouro e prata.
Já uma das partidas mais famosas aconteceu em 1957, quando a BBC emitiu um segmento onde mostrou agricultores suíços a colher esparguete de árvores e arbustos, revelando que a região tinha tido uma “colheita de esparguete inopinado” nesse ano.
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