
Andy Needham / University of York
Uma das pedras gravadas à luz da fogueira
Os nossos ascendentes podem ter criado obras de arte à luz de uma fogueira, segundo amostras de 50 pedras gravadas, encontradas em França.
As pedras foram gravadas com desenhos artísticos, há murado de 15.000 anos, e têm padrões de danos por calor, que sugerem que foram esculpidas perto da luz de uma fogueira, segundo a Phys Org.
O estudo, publicado a 20 de abril no PLoS ONE, foi realizado por investigadores das Universidades de York e Durham, e analisou a coleção de pedras gravadas, conhecidas porquê plaquetas, que se encontram atualmente no Museu Britânico.
É provável que tenham sido feitas com ferramentas de pedra pelo povo de Magdalen, uma cultura de caçadores-coletores primitivos de há 23.000 a 14.000 anos.
Os investigadores identificaram padrões de danos causados pelo calor, em torno das bordas de algumas das pedras, provando que estas tinham sido colocadas nas proximidades de um queima.
Depois a invenção, os investigadores experimentaram replicar as próprias pedras e utilizaram modelos 3D e software de veras virtual para recriar as placas, porquê os artistas pré-históricos as teriam visto: sob condições de luz de queima e com as marcas de linhas brancas que teriam feito, para trinchar e gravar a rocha, há milhares de anos.
“Assumiu-se que os danos por calor visíveis em algumas placas eram provavelmente causados por acidente, mas as experiências com réplicas de placas mostraram que os danos eram mais consistentes com o facto de estarem propositadamente posicionados perto de um fogueira”, explica Andy Needham, responsável principal.
“Nos tempos modernos, poderíamos pensar na arte porquê sendo criada sobre uma tela em branco à luz do dia, ou com uma manadeira de luz fixa. Mas sabemos agora que, há 15.000 anos, as pessoas estavam a produzir arte em torno de uma fogueira à noite, com formas e sombras cintilantes”, acrescenta.
Trabalhar sob estas condições teria tido um efeito dramático na forma porquê as pessoas pré-históricas experimentaram a geração da arte, dizem os investigadores.
Pode ter ativado uma capacidade evolutiva, concebida para nos proteger dos predadores, chamada “Pareidolia“.
A perceção impõe uma versão significativa, porquê a forma de um bicho, um rosto ou um padrão, onde não existe nenhum.
“Gerar arte na luz do queima teria sido uma experiência muito visceral, ativando diferentes partes do cérebro humano. Sabemos que as sombras cintilantes e a luz aumentam a nossa capacidade evolutiva de ver formas e rostos em objetos inanimados, e isto pode ajudar a explicar porque é generalidade ver desenhos de placas que utilizaram ou integraram características naturais na rocha para traçar animais ou formas artísticas”, sublinha Needham.
A era de Magdalen viu florescer a arte primitiva, desde a arte rupestre e a decoração de ferramentas e armas, até à gravura de pedras e ossos.
“Durante o período magdaleniano, as condições eram muito frias e a paisagem era mais exposta. Embora as pessoas estivessem muito adaptadas ao indiferente, com roupas quentes feitas de peles e couros de animais, o queima era ainda muito importante para se manterem quentes. As nossas descobertas reforçam a teoria de que o clarão quente do queima teria feito dele o meio da comunidade para reuniões sociais, contando histórias e criando arte”, relata Izzy Wisher, sócio do estudo.
“Numa profundeza em que enormes quantidades de tempo e esforço teriam sido necessários para encontrar comida, chuva e abrigo, é fascinante pensar que as pessoas ainda encontraram tempo e capacidade para produzir arte. Mostra porquê estas atividades fizeram secção do que nos torna humanos durante milhares de anos, e demonstra a dificuldade cognitiva das pessoas pré-históricas“, conclui.
Alice Carqueja, ZAP //