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Pela primeira vez, cientistas observaram raias a emitirem sons. Vídeos captados pelos investigadores revelam que duas espécies — Urogymnus granulatus e Pastinachus ater – produzem ‘cliques’ surpreendentes e inconfundíveis.
Aliás, num dos vídeos, o som emitido pela raia é tão violento que o fotógrafo até deixou tombar a câmara. A invenção é surpreendente porque estes são animais com que os mergulhadores muitas vezes se cruzam na chuva. Quem o diz é o próprio responsável principal do estudo.
“Isto é meio estranho”, diz o ecologista pelágico Lachlan Fetterplace. “Eu mergulho muito com outras espécies de raias, e agora estou questionar-me. Poderia eu ter perdido isto?”.
“Isto mostra que não sabemos tudo. Estamos no ano de 2022 e podemos desvendar um tanto que nunca ninguém viu somente a trespassar e a fazer observações na história proveniente”, acrescentou, citado pela National Geographic.
Até agora, a única evidência verificada de sons de raias veio de um estudo de 1970, em que os investigadores registaram ‘cliques’ curtos, mas somente depois de as tocarem com força.
A principal questão que agora intriga os cientistas é perceber porquê é que as raias emitem estes sons.
“Elas não têm cordas vocais e não há um mecanismo simples de porquê é que elas fazem isto”, explica Fetterplace.
Os vídeos captados mostram os espiráculos das raios aparentemente a contraírem-se quando o som do clique é ouvido. Isto pode sugerir que o peixe cria atrito entre os espiráculos e o tecido circundante. Também é provável que as raias criem estes sons formando um vácuo, porquê quando estalamos a língua, equaciona Fetterplace.
O estudo mostrou ainda que os predadores de ambas as espécies conseguem ouvir os cliques. Isto sugere que estas criaturas podem enunciar os sons quando sentem um predador a aproximar-se porquê uma espécie de aviso.
Pelo contrário, Fetterplace sugere ainda que os cliques podem ser uma forma de invocar reforços.
Quando o fotógrafo e coautor do item, Javier Franzino Esteban, testemunhou uma raia a fazer sons em 2018, “as outras chegavam e acumulavam-se à volta dela, e todas tinham as suas caudas com os espigões levantados”, descreveu Fetterplace.
Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Ecology.
Daniel Costa, ZAP //