Penso, logo existo. As gralhas têm consciência de si mesmas

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Alexis Lours / Wikimedia

Gralha-preta (Corvus corone).

Um novo estudo mostra que as gralhas têm consciência de si mesmas, sugerindo um tipo de perceptibilidade superior, quase único aos seres humanos.

Corvídeos é a família de aves que inclui corvos, gaios, gralhas e pegas, entre outros. A sua perceptibilidade é já bastante reconhecida e evidente de vasta investigação científica.

Graças a um novo estudo, publicado recentemente na revista Science, sabemos agora que as gralhas têm consciência de si mesmas e são capazes de pensar sobre os seus próprios pensamentos enquanto resolvem problemas.

Leste é um nível de autoconsciência que anteriormente se acreditava valer o tipo de perceptibilidade superior que somente os seres humanos e possivelmente alguns outros mamíferos possuem, destaca o portal Freethink.

Pensava-se que leste tipo de consciência era somente verosímil com um córtex cerebral com camadas. Todavia, o que os investigadores descobriram foi que o pálio das gralhas pode desempenhar um papel semelhante. Embora não tenha camadas, é denso em neurónios.

Outro estudo publicado na semana passada, na revista Science, descobriu também que a neuroanatomia de pombos e corujas pode sugerir uma perceptibilidade superior.

Parece possuir uma correspondência entre o número de neurónios que um bicho tem no seu pálio e a sua perceptibilidade, argumenta Suzana Herculano-Houzel no seu glosa aos dois novos estudos para a Science. Estima-se que os cérebros das gralhas tenham murado de 1,5 milénio milhões de neurónios.

Para a experiência, a equipa de investigadores treinou duas gralhas-pretas, Ozzie e Glenn. Apesar de serem conhecidas por “corvos” em muitas zonas de Portugal, não devem ser confundidas com esta espécie. A gralha-preta distingue-se do corvo pelo menor tamanho, pela rabo quadrada e pelas vocalizações mais longas.

Ozzie e Glenn foram treinadas para observar um flash – que nem sempre aparecia – e depois bicar um sinal vermelho ou azul para registar se o flash de luz foi visto ou não.

Em cada ronda, depois um flash manar ou não, os corvos recebiam uma indicação se era o sinal azul ou o vermelho que sinalizava o avistamento da luz. Isto servia para que não entrassem em piloto automático, por assim expor.

Quando Ozzie ou Glenn viam um flash, os neurónios sensoriais disparavam e depois paravam enquanto o pássaro descobria qual evidente bicar. Quando não havia flash, não foi observada nenhuma atividade fora do normal antes de o corvo fazer uma pausa para deslindar o sinal correto.

A desenlace dos autores do estudo é que Ozzie e Glenn tiveram que ver ou não um flash, deliberadamente notar que houve ou não um flash — sugerindo autoconsciência — e depois associar essa memorandum à indicação dos sinais antes de bicar o correto.

  Daniel Costa, ZAP //

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