
Trojan Horse was a Unicorn / Facebook
André Luís, o fundador do Trojan Horse was a Unicorn (THU), evento onde os gigantes do entretenimento contratam novos talentos.
O sistema de instrução em Portugal não está prestes para nutrir as indústrias criativas, uma vez que o universo dos videojogos, com novos talentos. É o fundador do Trojan Horse was a Unicorn (THU), evento onde os gigantes do entretenimento fazem contratações, quem o diz.
André Luís, o fundador daquele que é um dos maiores eventos do mundo para a contratação de talentos pelas indústrias criativas, deixa fortes críticas ao Governo português numa profundeza em que o THU está de saída de Portugal.
O evento deverá instalar-se noutro país do Sul da Europa e André Luís critica, em entrevista à Pessoas/ECO, que, em Portugal, “há uma visão bastante redutora das indústrias criativas”. “Falta impacto de graduação, internacionalização, geração de valor, vendas” e não há “sequer um projecto”, lamenta.
Portugal continua sem saber o que fazer com as indústrias criativas, diz ainda o fundador do THU, salientando que “todos andam a tentar safar-se”.
“As indústrias criativas têm a ver com pessoas, com talento. Não há volume de talento em Portugal e são sempre os mesmos a produzirem. Os projetos que existem em Portugal continuam a ser uma mão-cheia de zero“, considera.
“Já fui a algumas instituições, apesar de possuir gente com talento, há zero de portefólio, ritmo de trabalho e conhecimentos técnicos para darem recta a receber um salário. Em Portugal, talento não falta, mas é destruído pelo sistema de instrução”, diz ainda.
Dirigindo-se ao ministro da Instrução, André Luís nota que “devia pensar que é necessária uma outra abordagem para as indústrias criativas”.
“Porquê querem que alguém ganhe 4 ou 5 milénio euros na Netflix e depois pare tudo para ir dar aulas numa escola onde pagam 800 ou 900 euros? É preciso debutar a valorizar o trabalho dos professores qualificados”, defende.
“Escolas preparam zero para o mercado de trabalho”
Mas André Luís refere também que “os mecanismos do Estado são muito cruéis” e dá exemplos concretos.
“Estava numa escola, num curso de efeitos especiais. Não havia ninguém para dar aulas de after effects. Acabaram por pôr História da Arte. “Os miúdos não vão perceber zero”, dizia-se na profundeza. Numa faculdade em Portugal, havia dois departamentos a lutarem por uma licença de formação de vídeo. Em Portalegre, houve um mestrado em 3D, precisavam de um espaço de 500 metros quadrados. Os reitores só deram 80 metros quadrados”, relata ao ECO.
“Um colega queria chumbar alguns alunos de um curso mas não o deixavam, apesar de o nível ser muito mau. Se não os passasse poderia ser despedido“, conta ainda.
André Luís também nota que “as escolas preparam zero para o mercado de trabalho“. “Recebo dezenas de e-mails de alunos no desespero porque os professores nunca trabalharam na indústria e depois as saídas profissionais são todas para o Estado”, aponta.
“Se os reitores falassem com as empresas sobre os processos de recrutamento nas indústrias criativas, íamos logo perceber que as coisas seriam diferentes”, diz ainda, concluindo que “há professores que não estão minimamente qualificados para dar aulas nas indústrias criativas e que estão lá”.
ZAP //
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